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obras de referência

Bem-vindo à nossa aba Obras de referência! Deixaremos aqui algumas sugestões de documentários que assistimos, os quais não só nos auxiliaram quanto à forma mas também nos inspiraram na produção do nosso próprio documentário.

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A produção da jornalista Paula Saccheta, neta de um jornalista preso na ditadura Vargas, e do fotógrafo Peu Robles conta as histórias dos oprimidos pela ditadura militar brasileira de 1964. Lançado em outubro de 2013, leva o nome da lei que criou a Comissão da Verdade.

Desde torturados, até ajudantes dos guerrilheiros, vários depoimentos foram dados, o que causou grande impacto emocional nos espectadores. Cada história individual construiu uma imagem bastante clara do impacto ditatorial. Algumas narrações são absolutamente espantosas, e nos fazem pensar muito sobre a falta de humanidade dos torturadores. Dando mais valor às informações do que à dignidade do ser humano, tais membros do exército levavam as pessoas aos seus limites, utilizando não só a dor física, como manipulação emocional (exemplificado por Amélinha Teles, ex-militante do Pc do B, ao contar que os torturadores ameaçavam o tempo todo matar seus filhos,“chegaram até a afirmar que a Janaína já estava morta e dentro de um caixãozinho branco”).

 

Foram abordadas também, várias reflexões sobre a Comissão da Verdade. Muitos entrevistados a criticam, levando em conta que os torturadores não sofreram punição sequer e, hoje em dia, gozam de aposentadorias indulgentes. Em contrapartida, poder finalmente descobrir o que havia acontecido com parentes ou amigos proporcionou grande alívio, segundo os participantes do documentário, os quais antes se encontravam em estado ou de desespero ou aceitação (que causava culpa, pois se sentiam cúmplices à morte deles).

 

- Luana

Documentário completo

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Dreamville Presents: REVENGE

O documentário mostra o processo de produção do álbum Revenge Of The Dreamers III. O álbum é feito em conjunto por todos os artistas que fazem parte da gravadora Dreamville (dirigida pelo rapper J. Cole).

Esse foi um dos documentários que eu com certeza mais gostei de assistir em toda minha vida, provavelmente porque eu gosto do tema (rap, os artistas envolvidos e produção de música), mas também achei o filme muito bem produzido.

Ele conta com takes que retratam tanto como situações problemáticas nos estúdios, como também takes onde todos estão apenas se divertindo. Além disso o documentário não deixa ninguém perdido, uma vez que se lembra de apresentar toda e qualquer pessoa que nele aparece. Além disso, dá voz a maioria das pessoas presentes o que dá uma diversidade de pontos de vista sobre um mesmo take, o que torna o filme muito mais interessante. 

     

Quanto à filmagem, os diretores fazem se parecer como uma filmagem descontraída, porém ainda sim muito profissional, o que combina muito

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bem com a atmosfera dos estúdios criada por cada artista. 

No final das contas é um documentário muito interessante, se você tem interesse nos temas presente nele. Recomendo muito.

 

- Arthur

Documentário completo

dreamville presents: revenge

Democracia em vertigem

A começar pelo trailer, “Democracia em Vertigem” surpreende. A produção da Netflix, um dos muitos documentários originais produzidos pela plataforma de streaming, busca contar a história da política recente do Brasil: desde a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, passando pelos acontecimentos emblemáticos durante o governo do Partido dos Trabalhadores, como os escândalos do Mensalão, em 2005, e do Petrolão, em 2014, a polêmica e reveladora Operação Lava Jato e por fim, a ascensão e impeachment da nossa primeira presidente mulher, Dilma Rousseff. 

 

Petra Costa, a diretora mineira de 36 anos, teve coragem. Ainda jovem, a brasileira já dirigiu filmes incríveis como “Vidas Cinzas”, “Ninguém está olhando”, “Olhos de ressaca” e um dos meus preferidos “Olmo e a Gaivota”, mas em “Democracia em vertigem” ela mostra um trabalho pensado, de fotografia cativante e que acaba se tornando, mais do que tudo, um relato pessoal. Não é fácil, dadas as condições de verdadeira ruptura ideológica do país, falar sobre o partido que está no centro de todas essas discussões. Partido que ela guarda um carinho devido tanto a proximidade que tem com a ideologia compartilhada, bem como a história de seus pais, que foram militantes de esquerda durante o período da Ditadura Militar, entre 1964 e 1985.

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Talvez esse tenha sido o motivo pelo qual o documentário tenha sido taxado como incrivelmente parcial, mostrando apenas um lado da história. No Youtube, o trailer recebeu trezentos e dezenove mil dislikes e no dia de seu lançamento, ficou nos trending topics do Twitter brasileiro. Esse, no entanto, era o seu propósito e acaba mostrando que, um documentário, por ser um recorte artístico da realidade, acaba sendo subjetivo e por isso, tem um viés, é inevitável. 

 

Indicado ao Oscar, ao Gotham Independent Film Awards e o Platina Awards na categoria de melhor documentário longa-metragem, “Democracia em vertigem” foi recebido lindamente no exterior, embora o mesmo não tenha acontecido no Brasil justamente por abordar assuntos tão sensíveis da nossa sociedade contemporânea. É um documentário que deveria ser assistido por todos, pois é sempre bom ter os dois lados da história. ​

 

- Laura

Trailer do documentário

democracia em vertigem

Absorvendo o tabu

Para uma garota que cresceu no mundo ocidental em classe média alta, nunca pensei que a menstruação (e sim, ela não é uma palavra proibida e eu vou falá-la em alto e bom tom aqui) fosse mais do que um tabu, mas sim um empecilho na vida de muitas garotas. Sim, aqui nós evitamos falar em voz alta, escondemos o absorvente no bolso quando vamos ao banheiro, ficamos roxas de vergonha quando vamos na farmácia. É necessário um amadurecimento muito grande, de entender nossa existência como mulheres, para abraçar a menstruação como algo natural, algo nosso e não como algo passível de constrangimento. 

É um soco no estômago descobrir que, ao redor do mundo, as coisas são muito piores. Você sabia que na Índia as meninas tem uma cama de menstruação? Um lugar que nesse período do mês elas dormem, porque são consideradas “sujas” demais para dormir em suas camas normais? Sabia, também que elas são consideradas “amaldiçoadas” e por esse motivo, quando estão menstruadas, não podem frequentar lugares sagrados? Eu não sabia, honestamente. Mas foram esses os estigmas contestados no documentário “Absorvendo o tabu”, da Rayka Zehtabchi, uma diretora iraniana-americana de 25 anos de idade. 

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O documentário mostra que nós mulheres ocidentais somos muito privilegiadas quando o assunto é menstruação e que devemos fazer o possível para ajudar nossas companheiras mulheres que infelizmente não tem essa mesma sorte. Mostra também que isso é algo maior do que o sangue, mas uma questão de machismo estrutural profunda e que deve ser rompida imediatamente. 

“Absorvendo o tabu”, que tem apenas vinte e seis minutos, acompanha um grupo de mulheres indianas, que para conseguir a sua independência financeira, adquirem uma máquina para criar absorventes baratos. Absorventes os quais essas mulheres não teriam acesso devido a falta de informação sobre o assunto, uma vez a grande maioria delas não sabe explicar o que é menstruação e porque ela acontece, mas também por seu alto custo. O projeto acaba sendo não só uma medida médico sanitária, ao ampliar as condições de higiene de garotas nessa comunidade, mas um ato de empoderamento feminino ao educar as mulheres sobre seu próprio corpo e fornecê-las independência perante a menstruação. 

Esse não é um documentário exclusivo para mulheres, embora seja muito importante para que nós o assistimos para que possamos reconhecer nossos próprios privilégios, mas também para os garotos que, por falta de informação, são muitas vezes responsáveis pela a perpetuação desses estigmas. 

“Absorvendo o Tabu” foi vencedor do Oscar de melhor documentário curta metragem e deveria ser obrigatório, em todas aulas de ciência, educação sexual e discussões a respeito de empoderamento feminino. É, sem dúvida, um dos meus documentários preferidos ao tratar de maneira sensível e cativante um tema tão necessário.

 

- Laura

Trailer do documentário

absorvendo o tabu

What we started

Este documentário, que fala sobre o gênero da música eletrônica e suas origens e mudanças, apresenta um panorama geral contando com vários grandes nomes da música eletrônica como Martin Garrix, Carl Cox, Afrojack, Moby e Tiësto. 

Achei o documentário muito interessante, uma vez que ele apresenta uma trajetória histórica muito bem descrita e detalhada e os produtores fizeram um ótimo trabalho em achar muito material para exibir todos os períodos e assuntos abordados. 

Os personagens do documentário (DJs), na minha opinião, contribuíram bastante, uma vez que, sendo de diferentes gêneros e gerações, conseguiram expressar pontos de vista bem diversos e específicos sobre o cenário da música eletrônica no geral.  

Em geral, o documentário traz muita informação interessante e diferentes visões, o que torna ele muito informativo. Recomendaria muito.

 

- Arthur

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Trailer do documentário

what we stated

Indústria americana

Os documentários mais corajosos são justamente aqueles que falam sobre o assunto do momento sem medo. É impossível discutir o cenário político-econômico mundial de hoje sem falar de Estados Unidos e China, e é isso que faz o documentário “Indústria Americana” faz, discutindo os métodos trabalhistas nessas duas potências e como elas se contrastam e, eventualmente, se complementam. 

Em um ano disputadíssimo no Oscar de melhor documentário longa-metragem foi o filme dirigido por Julia Reichert e Steven Bognar e produzido pelo casal Obama que saiu com a estatueta e apesar de o meu coração verde amarelo estar torcendo por “Democracia em vertigem” da brasileira Petra Costa, é um consenso que foi incrivelmente merecido.

O longa conta a história de uma antiga fábrica da General Motors em Dayton, Ohio, que foi fechada na crise de 2008, provocando um alto desemprego na região que vivia em torno da companhia, reaberta por uma companhia chinesa que agora fabrica vidros para automóveis. Assim, na indústria trabalham tanto os americanos como os chineses trazidos pela companhia, evidenciando o que todos nós sabíamos, mas nunca tivemos a oportunidade: que são mão de obras completamente distintas uma da outra. 

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Enquanto os americanos estão tentando se reerguer após o desemprego, embora estejam ainda imersos no conforto de suas casas, famílias e organizações sindicais, os chineses estão do outro lado do mundo sem ter muita ideia do que o conceito “direitos trabalhistas” significam e sem qualquer apoio emocional. Acabam percebendo, no entanto, que ambos os sistemas tem seus problemas e a produtividade e satisfação só pode ser encontrada quando há uma conciliação de ambos os lados, o que pode ser tomada como uma grande metáfora para a guerra comercial entre Xi Jinping e Donald Trump nos últimos meses.

“Indústria Americana” é, além de fiel a realidade, necessário para todos nós, futuros trabalhadores, para que consigamos entender o mundo que vivemos e como isso afeta diretamente cada uma de nossas escolhas profissionais. -

 

- Laura

Trailer do documentário

indústria americana

Janela da alma

“Os olhos são a janela da alma” é uma das frases mais conhecidas quando pensamos em olhos. Os olhos são, de fato, uma janela, uma vez que eles nos permitem tanto ver o mundo exterior sem sair de nós mesmos, bem como permitem as pessoas de fora enxergarem que somos por dentro. Querendo ou não, o olhar sempre comunica algo.

 

Os olhos dizem mais sobre a pessoas do que somos capazes de imaginar. A maneira que vemos o mundo, literalmente, reflete individualmente em que nem nós tornamos como indivíduos. É essa a ideia que João Jardim e Walter Carvalho buscam expor artisticamente no documentário “Janela da Alma”. 

O documentário conta com dezenove entrevistas, das mais diferentes personalidades com apenas uma coisa em comum: enxergarem o mundo de uma maneira que difere do considerado ‘normal’, seja tendo hipermetropia, miopia ou até mesmo a própria cegueira. Todas falam de suas próprias realidades e como ter um olhar físico diferente impactou o seu olhar sobre as coisas. 

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O filme de setenta e três minutos também conta com uma metalinguagem interessante, afinal se trata de um olhar artístico sobre o olhar. Tudo se torna ainda mais fascinante ao ter conhecimento que João Jardim e Walter Carvalho são tem uma relação pessoal com o tema: Jardim utiliza óculos com 8 graus de miopia, enquanto Carvalho usa-os com 7,5, mostrando que a própria escolha de tema do documentário foi influenciada  pela visão literal que ambos têm do mundo.

Com a cinematografia que se utiliza muito bem dos momentos de desfoque, luz intensa ou fraca, a obra faz o espectador de visão perfeita sentir na pele como é ter outros olhos e isso acaba provocando as emoções mais diversas: desde um desconforto até a transposição de sentimentos internos para a tela. 

“Janela da alma” faz um trabalho brilhante ao nos revelar que nossos olhos não são passivos, mas interagem ativamente com o nosso conhecimento, nossas emoções e nossa imaginação.

 

- Laura

Documentário completo

janela da alma

Privacidade hackeada

Olhando os documentários comentados nesse site é possível reparar a recorrência do tema política. É óbvio, dado que um documentário é um recorte artístico da realidade, que ele aborde justamente os assuntos mais em pauta no mundo hoje e não é possível negar que a sociedade contemporânea nunca esteve tão polarizada política e ideologicamente.

“Privacidade Hackeada”, dos diretores Karim Amer e Jehane Noujaim, conta a história da eleição de uma das figuras mais emblemáticas do cenário mundial hoje, o presidente americano Donald Trump, e de um dos acontecimentos mais importantes da história recente europeia, o Brexit, tudo sob a perspectiva de uma mesma empresa de tecnologia, a britânica Cambridge Analytica. 

A empresa de tecnologia sediada na capital britânica foi uma das responsáveis pela propaganda eleitoral aos dois eventos já mencionados, mas não o realizaram de maneira ordinária: com os dados da rede social Facebook para que pudesse enviar propaganda direcionada a eleitores indecisos, mudando completamente o curso do cenário político mundial. 

 

O documentário aborda o julgamento dos envolvidos no escândalo e traz a tona tanto temas como as polêmicas fake news, bem como a fragilidade dos serviços de informação e do nosso sistema eleitoral. Para entender o mundo hoje, “Privacidade Hackeada” é, possivelmente, o documentário mais importante.

 

- Laura

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Trailer do documentário

privacidade hackeada

The Price Of Greatness

Esse documentário mostra com detalhes como é a vida, a rotina, e por tudo o que o DJ Carnage passa. 

Diamanté Anthony Blackmon conhecido por seus nomes artísticos DJ Carnage ou El Diablo, é um DJ e produtor guatemalteco. Já se apresentando em grandes festivais da música eletrônica como a Tomorrowland e o Ultra Music Festival, mas além disso já produziu músicas para grandes nomes do Rap/Trap como o Migos, Lil Yachty e ILoveMakonnen e até mesmo o MC Nacional brasileiro Bin Laden.

O documentário é bem dividido em várias partes, mostrando vários aspectos da vida do artista, como o “Sacrifício”, “Apreciação”, “Amizades”, “Inovação” entre outros. Isso faz com que os espectadores não fiquem perdidos no meio das cenas.

 

Além disso o documentário conta com cenas incríveis, tem uma direção incrível feita pelo próprio artista. Contrapondo cenas muito emocionantes de enormes aglomerações em seus shows até takes de Diamanté curtindo com outros amigos estão presentes balanceando muito o clima geral do filme. 

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O documentário conta com inúmeras participações especiais de outros DJs e artistas, enriquecendo bastante o documentário. 

Em geral, o documentário parece mostrar com bastante fidelidade o dia-a-dia do artista e assim sinto que cumpre muito bem a sua proposta.

- Arthur

Documentário completo

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Precisamos falar do assédio

O longa de 80 minutos conta com 26 dos 140 relatos de assédio coletados na semana da mulher em 2016, por uma van-estúdio que parou em diversas localidades de São Paulo e do Rio de Janeiro. Paula Saccheta, a diretora do projeto, optou por deixar as mulheres desabafarem com a câmera, sem interlocução ou entrevistador.


Saccheta quis dar voz aos relatos que via sob as hashtags #meuprimeiroassédio, #meuamigosecreto e #agoraéquesãoelas no Twitter e o fez magnificamente. Para isso poder ocorrer de modo seguro, ela disponibilizou máscaras (feitas Juliana Souza) e distorção de voz por qualquer motivo que as mulheres quisessem, ou precisassem.


Além disso, ela queria coletar relatos dos mais diversos possíveis. Para isso, optou por uma van-estúdio, que estacionou em regiões de alta movimentação, de diferentes áreas das cidades.

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Eu cometi o terrível erro de ver esse documentário à noite. Quando acabei de vê-lo era meia-noite e eu simplesmente não consegui dormir. Cada relato vinha como um soco no estômago, e mal consegui descansar sabendo das atrocidades normalizadas que aconteciam com tanta frequência. Com certeza eu seria absolutamente incapaz de vê-lo de novo, mas acredito que todos deviam fazê-lo pelo menos uma vez. É chocante, mas ao mesmo tempo, nada chocante. Uma denúncia como essas não devia ser necessária, mas é. Sabemos da quantidade de assédio sofrida por mulheres no nosso país, mas ouvir os relatos causa uma angústia imensurável, além de um evidente ódio pelo sistema em que nos inserimos.


Ademais, foi feito um site, que, além de reunir informações sobre o projeto em geral, também disponibilizou todos os relatos, na íntegra, a possibilidade de enviar seu próprio desabafo e recursos para obter ajuda (https://precisamosfalardoassedio.com/).


É um projeto absolutamente incrível, e, mesmo que ouvir os relatos nos embrulhe o estômago, me tranquilizo com o progresso que tivemos, mesmo se considerarmos o pouco tempo que se passou desde o lançamento do documentário. Pudemos ter a honra de entrevistar a Paula, e ela falou um pouco sobre o assédio e a sororidade. Segundo ela, há momentos em que uma simples troca de olhares entre mulheres é compreendida, e que podemos contar com umas às outras, o que me dá um pouco de esperança.


Espero que não só mulheres, mas também homens assistam mais esse documentário pois é simplesmente necessário, já que muitos não têm dimensão do problema.

- Luana

Trailer do documentário

precisamos falar do asédio

Miss americana

Essa é uma resenha que eu estava completamente ansiosa para fazer e eu não consigo colocar em palavras direito o quão feliz eu estou em falar sobre ela: Taylor Swift. Se você ainda não entendeu, sou fã de carteirinha. Toda aquela coisa ter a minha vida e estilo inteiramente pautados em qual era a loira se encontra, saber todas as músicas e ter chorado baldes com o adiamento do show do Brasil por causa do novo Coronavírus. Mas de todas as melhores coisas que Swift já fez, ouso dizer que o documentário Miss Americana lançado no começo do ano está, sem dúvida nenhuma, no topo do ranking. 

Se você esteve isolado em uma caverna nos últimos anos, vou tentar, minimamente explicar o fenômeno bombástico que foi a chegada de Taylor na indústria da música. Em 2006, ela debutou com seu primeiro autointitulado álbum, que foi produzido quando ela estava - pasmem - no primeiro ano do ensino médio e, de primeira, se tornou queridinho das paradas country. Ela conquistou o coração dos Estados Unidos - e do mundo - em 2008, com o Fearless, nomeado em 8 categorias e saindo com 4 estatuetas no Grammy daquele ano. O sucesso continuou, com o

 

álbum Speak Now, inteiramente escrito por ela, o memorável Red, de 2012, e depois com sua inesquecível transição para o pop com 1989, responsável por consagrar Taylor como a única mulher a vencer “Álbum do Ano” no Grammy duas vezes. O sucesso e a música de Swift eram meteóricos e, ouso dizer, que não há uma pessoa no planeta terra que não aumentou o rádio quando ouvia ‘Blank Space’ ou ‘Shake it Off’ em 2014. 

A vida pessoal e a reputação de Taylor, no entanto, foram na direção oposta a de sua carreira. Namorando com queridinhos da música como John Mayer e Harry Styles e com os atores Taylor Lautner e Jake Gyllenhaal, Swift fora taxada como ‘promíscua’ mais vezes do que eu posso contar. Seu sucesso foi atribuído ao fato de que ela compunha músicas aos ex namorados e os mais insanos ousavam dizer que tinha sido Kanye West, no incidente do VMAs de 2009 (que caso você não se lembre, envolveu ele subir ao palco quando ela estava recebendo o prêmio e humilhar publicamente a garota de 19 anos falando que ela não era merecedora do mesmo), o responsável por torná-la famosa.

O documentário Miss Americana é justamente sobre isso: a realidade cruel e misógina que uma jovem mulher sofre ao entrar na perversa indústria da música, em que seu sucesso é atribuído a todos, menos a ela mesma. Taylor Swift pode ser famosa, pode ter rios de dinheiro, mas querendo ou não, essa é uma realidade que todas nós mulheres conseguimos entender e compadecer. E isso emociona. 

Se Miss Americana se restringisse a expor o lado conturbado da fama de Swift e as reflexões que ele coloca sobre sociedade patriarcal em que vivemos, eu já estaria muito mais do que satisfeita. Mas Taylor nos surpreende (como sempre) e vai além: falando da pressão estética que sofreu por causa da mídia e como isso a levou a desenvolver um distúrbio alimentar e a sua luta por expor a sua opinião política, se declarando uma democrata e forte opositora ao governo de Donald Trump. 

“Miss Americana & The Heartbreak Prince”, música de seu sétimo álbum de estúdio Lover e que serve de inspiração ao título do documentário, é uma analogia ao mundo de desigualdade e polaridade que vivemos atualmente e cabe perfeitamente com o lado mais surpreendente da obra; de como Taylor se tornou uma voz do ativismo político, encabeçando a luta pelos direitos da comunidade LGBTQ+, das mulheres (influenciada pelo próprio sofrimento com um caso de assédio sexual) e da representação das gerações mais novas no Congresso, destacada pela música que ela escreveu especialmente para o documentário “Only the Young”. 

Eu era fã de Taylor Swift: a cantora e compositora brilhante que escreveu as músicas que marcaram a minha infância e adolescência. Assistindo ao filme, me tornei fã de uma outra Taylor Swift que até então não conhecia: uma mulher forte, inspiradora e com uma voz potente que sem dúvidas está fazendo a diferença. Recomendo o documentário para todo mundo: aqueles que tem um pé atrás com Taylor, os que não gostam de música ou que, como eu, já tinham uma grande admiração. Ele certamente abre os horizontes para todos nós. 

- Laura

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Trailer do documentário

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O dilema das redes

O documentário publicado na plataforma de streaming Netflix, reúne relatos de ex-funcionários de grandes empresas tecnológicas de comunicação como Google e Twitter, retrata diversos campos envolvendo temas polêmicos como a persuasão de compra e de decisões políticas. Algo que desde o começo nos intriga é o fato de que a monitoração pessoal se encontra nos olhos de todos aqueles que aceitaram os termos de política e privacidade, que contém inúmeras páginas e é ignorado por grande parte dos internautas que só querem curtir a publicação de um famoso ou comentar na de algum amigo. Essa política que é obrigatória em ser apresentada por todas empresas de comunicações e garante que os dados de todos e qualquer um, podem ser coletados e armazenados, além de serem utilizados para fins lucrativos da empresa, como o marketing e outras publicidades com o mesmo fim. Essa coleta e armazenamento de dados garante a empresa a qual o "cliente" aceitou fazer parte, garantindo assim que a empresa trace um perfil público seu, monitorando seus lugares de visita e sua rotina, de forma "obscura", não deixando claro ao usuário que isso acontece, para que o mesmo não se assuste e não perceba que seus dados estão sendo utilizados por outros.

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Sabendo também que os dados de alguém valem hoje mais que petróleo, por poder persuadir e moldar os consumos e hábitos políticos e sociais, cada vez mais as empresas enriquecem tanto por valor de mercado, quanto por saber quem você é e poder criar anúncios publicitários de acordo com o que te atrai e com o que você se identifica.

A persuasão política em questão pôde ser observada nas eleições de 2016 (e é escancarada pelo documentário, Privacidade Hackeada, cuja resenha está aqui no site também). Cambridge Analytica, uma empresa privada que se especializava em análise de dados com comunicação estratégica para o processo eleitoral, foi uma das acusadas de manipular a população estadunidense. Basicamente, o que se passava era o seguinte: os usuários do Facebook nos EUA recebiam enquetes que os perguntavam quais eram as suas intenções de voto. Caso a resposta demonstrasse incerteza, o usuário passaria a ser bombardeado com propagandas a favor do candidato republicano. Não necessariamente faziam referência direta a ele, mas muitas vezes, apresentavam fake news (notícias falsas) que apoiavam o ponto de vista defendido por Trump (por exemplo, a questão dos imigrantes e do muro).

O documentário pode ser dividido em duas narrativas, uma delas tem um papel mais informativo onde podemos contar com o depoimento de vários trabalhadores e diretores de grandes empresas da tecnologia mundial atual como Tristan Harris, Jeff Seibert e Tim Kendall e Justin Rosenstein além desses alguns e estudiosos e autores como Jaron Lanier, Renee DiResta, Shoshana Zuboff. Esses trechos do documentário tem um foco mais informativo e analista sobre a situação e desenvolvimento dessa ciência hoje em dia. O interessante dessa parte é que contamos com o ponto de vista de internos desse meio, ou seja, eles possuem uma visão muito mais refinada, detalhista e certeira sobre os processos e burocracias que acontecem dentro das imensas empresas desse ramo. Esses depoimentos nos fazem perceber ou ao mínimo nos provoca a refletirmos como somos afetados ou controlados por esses mecanismos ou até esses meios como um todo, os quais usamos tanto todos os dias. 

Por outro lado temos uma pequena narrativa ficcional que mostra na prática, ou seja, no cotidiano, na vida mundana, como os meios tecnológicos que usamos são minuciosamente arquitetados e projetados para que nosso pensamento, atenção, foco e ideologia seja direcionado, manipulado ou até mesmo modificado, sem que ao menos percebamos. Essa narrativa ficcional nos mostra uma pequena família em que os filhos estão certamente viciados em seus celulares e redes sociais. O foco é nos mostrar como a tecnologia afeta o psicológico, como nos tornamos dependentes e viciados nessa além de muitos outros pontos muito interessantes a serem discutidos ou ao menos percebidos que estão muito enraizados ou normalizados em nossa sociedade atual.

- Arthur, Luana e Matheus

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