Formação de grupos
- mnm202cg1
- 24 de mar. de 2020
- 2 min de leitura
Atualizado: 24 de jun. de 2020
Logo que descobrimos que tínhamos caído na mesma sala, nos conversamos para que o grupo fosse nós quatro. Na aula de História em que nossa sala (2º C) começou a arrumar os grupos, eu tinha ficado pra fora para resolver algumas coisas. Quando eu cheguei, vi uma selva. Gente de pé brigando, gente gritando para chamar atenção dos demais, gente sentada conversando, e os professores vendo de longe. Vi uns nomes escritos na lousa, entre eles o nosso. O Matheus e o Arthur estavam de pé, tentando resolver algum problema (que eu, recém participante da aula não sabia) e a Laura estava sentada em uma das carteiras, segurando sua câmera descartável ameaçando tirar uma foto do caos.
Notei, então o problema: mesmo que houvessem alguns grupos formados, ainda tinha muita gente sem grupo. Em uma sala com 16 meninas e 21 meninos, o problema se demonstrava óbvio: as meninas não queriam se encontrar em um grupo com outros três meninos. Sugeri, então que fizéssemos alguns grupos de cinco (a ideia inicial era formar oito quartetos e um quinteto), para que nenhuma menina ficasse sozinha em um grupo de meninos. Os professores apontaram, no entanto, que queriam quartetos pois era o que parecia funcionar melhor, em termos de trabalho, tendo em vista o que haviam notado nos anos anteriores.

Além disso, notaram que essa solução parecia contornar um problema antes não percebido da nossa sala: uma intensa divisão entre meninos e meninas. Muito foi discutido ao longo dos próximos três dias, e concluimos que o nosso maior medo (meninas) era não sermos ouvidas, ou levadas à sério pelos meninos, em um grupo em que não teríamos apoio de uma outra menina.
Mas, ouvindo as falas de alguns meninos, notamos também que havia um sentimento de desconfiança e preconceito com eles, partindo das meninas. Depois de muita discussão, uma sendo até apenas entre meninas, conseguimos chegar em oito grupos, dois de cinco, o que não era ideal, mas foi o que conseguimos fazer.
Em geral, fiquei muito orgulhosa da nossa sala. A gente foi capaz de discutir com muita honestidade algo bastante sensível e nos dispusemos a manter-nos muito mais abertos ao diálogo, tentando não se importar tanto com quem está dizendo, mas mais com o que estão dizendo.

Luana
Fotos: ambas da Laura, tiradas numa câmera descartável (a primeira, no dia em que tudo se resolveu e a segunda, no dia em que percebemos o problema que seria resolver os grupos)
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